Olhai para as flores do campo, como crescem; não trabalham nem fiam
domingo, 26 de julho de 2009
Não é por nada não
(Consigo ser poeta quando consigo dar uma mordida na realidade...)
Agli amici della Tenroma (Aos amigos da Tenroma)
Un cacciatore quando lascia casa e fa strada porta in mano un po' della sua terra e ad ogni passo in avanti fa cascare un po' di questa terra in quell’altra terra nuova dove mette i piedi.
Alla fine, nella nuova terra germogliano tante notizie della vecchia terra.
Un altro che per caso passa li le può, quindi, toccare.
E… il vento…
Ci pensa lui a portare ancora più lontano i racconti germogliati…
(O belo de sair de casa è (também) poder contar aos outros (ao vivo) como era feita aquela casa. Um caçador quando sai de casa e faz estrada leva em mãos um pouco da sua terra e a cada passo a frente deixa cair um pouco desta terra naquela outra terra nova onde põe os pés. No final, na nova terra brotam tantas notícias da velha terra. Um outro que passa por acaso por ali as pode, então, tocar. E... o vento... cuida de levar ainda mais longe os contos que brotaram...)
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Poeta, poetinha
A vida é pra valer
A vida é prá levar
Vinícius velho, saravá!
Ma tutto quel che so
E che succederà
Vinícius grazie, saravá!”
4ª Coisinha
Prima arrivarono i sudditi solo dopo arrivarono i re.
(Primeiro chegaram os súditos só depois chegaram os reis)
terça-feira, 21 de julho de 2009
3ª Coisinha
Vocês se lembram da Narizinho do Sítio do Pica-Pau Amarelo?
Pois é.
Narizinho resolveu se mudar para o exterior.
Esta Narizinho não é aquela.
Esta é a Narizinho de um outro sítio.
Narizinho decidiu-se mudar para o exterior.
Narizinho é tão forte, corajosa ou extremamente apaixonada.
Não nos importa tanto o que a fez tomar uma decisão.
Uma decisão de mudança.
Total, abrangente.
Muda terra, muda língua, muda cara, muda clima, cheiro e tempero.
Muda dentro, muda fora, muda isto e aquilo.
Muda tanto que quem mudou não existe mais.
A mudança desmancha e desenha tudo de novo.
Entre o desmanchado e o desenhado permanece a lembrança da folha branca vazia.
Depois da decisão segue-se a ação.
Narizinho começou a preparar a mudança.
O momento ideal de deixar o trabalho.
Depósitos na poupança.
Dimensionamento dos bens móveis.
Móveis.
Móveis?
Os móveis não se movem para o exterior.
Os móveis permanecem fixos em seus lugares ou ao máximo vão parar num guarda-móveis.
Dimensionamento dos objetos.
Gente, quem foi que comprou assim tanta coisa?
O cair em si: fui eu mesma.
Dimensionamento do guarda-roupas pessoal.
Gente, eu teria que fazer dezesseis viagens para transportar trinta e duas malas.
Recaindo em si: quantas pessoas eu sou? Bem, quero dizer, quantas de mim devo vestir? Só eu mesma. Afinal, sou uma.
Depois da ação segue-se a reflexão e uma conseqüente depressão.
Ela pensou tanto, mas tanto, mas tanto, que quase não precisava mais mudar. Já tinha mudado.
Então segue-se a fase do querer desmudar, de querer tornar ao desenho inicial, às formas conhecidas.
Impossível. Borracha passada antes do tempo de ir fazer um xerox.
Neste ponto chega o silêncio, a saudade, o medo.
O dia da viagem está mais perto, mais perto. Cada vez mais perto.
Ela corre pro shopping, corre de uma loja para outra, compra, compra, corre, corre.
Posso precisar disto e daquilo. Nossa! Este aqui é lindo! Mais este e este e ainda este outro.
Põe tudo na mala aberta. A mala não fecha.
Tira tudo de dentro.
Tenta de novo agora distribuindo melhor com a outra mala. Esta também não fecha.
Ela liga para as suas amigas.
As amigas chegam. Uma senta na mala, a outra puxa o fecho ecler, a outra abre a cerveja, a outra faz tira-gosto e ela que grita: cuidaaaado!!!
Agora tem duas amigas em cima da mesma mala, a terceira puxa o fecho ecler e ela que grita: cuidaaaado!!!
A outra abre a décima cerveja, a outra pede uma pizza delivery, a outra põe uma música, outra começa a dançar e ela que grita: cuidaaaado!!!
A outra liga para a outra que traz uma mala maior. A outra chama um amigo. Chegam três.
O vizinho chega com a pizza e fica lá para ajudar. O moto-boy errou o número.
As outras e o vizinho trocam de mala prá mala. Os amigos daquele amigo daquela outra vão para a mala. Um està sentado em cima, o outro aperta os cantinhos, o outro puxa o fecho ecler.
Ela não grita mais.
Abre mais uma.
Agora eu tô rezando
Nossa Senhora veio pessoalmente ter comigo.
Entrou pela porta aberta da sala, aquela que dá para o mar.
Parece que ela veio mesmo do mar. Pensei que era Iemanjá.
Assim como quem não quer nada, coisa própria de santo, me disse que veio para me ensinar a rezar.
Oração da união dos povos
1) Peço pelas pessoas doentes: físicas e/ou mentais e/ou espirituais.
2) Peço pelas pessoas necessitadas e desamparadas, aquelas que não têm nem um copo de água limpa para beber. Que não têm o pão de cada nosso dia. Que caminham a pés descalços e não tem uma roupa bonita para vestir.
3) Peço pelas pessoas vítimas de tragédias (terremoto, maremoto, acidentes aéreos, etc). Peço a Deus que encaminhe os que morreram e conforte os que ficaram.
4) Peço pela saúde do planeta Terra. Peço pelos rios, pelas matas, pelos mares, pelos pássaros, pelas flores, pelas rochas, desertos, montanhas, fauna, pelos ventos, pelo sol, pela chuva, estrelas, pela noite, pelo dia, pelas tardes...
5) Peço pelas pessoas normais. Que elas comecem a perceber os quatro primeiros grupos e saibam mais de si.
6) Peço pelos meus amigos e por minha família.
7) Peço por mim mesma.
“Ó rainha faz de mim um instrumento de sua paz e de sua glória”
“Pétalas de rosas para Iemanjá, pétalas de rosas para Iemanjá, pétalas de rosas todas para o mar”
“Ô beija-flor, toma conta do jardim! Ô beija-flor, toma conta do jardim! Vai buscar Nossa Senhora prá tomar conta de mim, vai buscar Nossa Senhora prá tomar conta de mim.”
segunda-feira, 20 de julho de 2009
1ª Coisinha
All’improvviso
Così di sera
ballo
bevo
rido
Tocco qualcosa che ancora non conosco.
Episódio_p3.4
Alô.
Washington Luís? Aqui, tô ligando pra te comunicar que eu estou disponível a partir de agora. Pode considerar-se disponível também. Quero dizer que o nosso relacionamento acabou. Aliás, nem sei se ele começou um dia.
De qualquer forma estou sinalizando. É como no cinema. É bem capaz de, depois que o filme acabar, a platéia ficar ali sentada mais duas horas olhando a tela preta. Acho que é o que tem acontecido conosco. Estamos a tempos a olhar esta tela preta. Então resolvi sinalizar. Estou pendurando sobre o fundo negro três letrinhas brancas e mágicas. FIM. Pronto, agora é só levantar e ir embora. O ingresso foi pago no ingresso. A gente não deve nada.
Episódio_p3.2
Com a engenharia aprendi a rigidez das pessoas e a flexibilidade das estruturas.
Episódio_p23.1
Eu e Cássia Canguru nos sentamos sobre a cama de casal para ter uma conversa séria. A cama estava desarrumada até aquela hora da noite.
Não é possível começar uma conversa séria sem antes falar da cama. Não propriamente da cama. Da desarrumação. Da bagunça.
Eu estou cansada neste dia. Alegre, de bom humor.
Ela também.
Difícil começar uma conversa séria assim.
Ainda não paramos de falar da cama. Pior ainda, debaixo da cama.
Sabe como é, né... Uma coisa puxa a outra...
Debaixo da cama estava pior.
Passamos para o entorno. Quero dizer, em volta da cama, aqueles corredorzinhos estreitos entre a cama e as quatro paredes. Pior ainda. É complicado alcançar a cama antes das quinas da cama quando o quarto está arrumado. Quero dizer, desimpedido, quero dizer, que tem pelo menos um taco à vista. Pois é. Nesta hora não tinha.
Sinceramente, não dei conta da conversa séria. Tive uma crise de riso. Ela também. Só percebi que a crise acabou ao acordar de manhã com a cara na barriga dela e sua pernoca na minha cintura.
Vai explicar...
Há coisas que funcionam ao contrário.
A gente planeja de um jeito, sai de outro.
Isto é alma lavada. Conversa de espírito-de-não-porco.
Depois da risaiada cada dia ela se esforça mais.
Acho que o problema mesmo era riso entupido.
É que bagunça é engraçado mesmo.
Imagina?
A gente tropeçando em mil sapatos e não encontra um par para calçar?
Vai colocar soro nos olhos e coloca acetona? E o surf pelo caminho escorregadio de água pingada empoçada que leva do banheiro até onde está a sua toalha desde o banho de ontem.
E as minhas lapiseiras! Depois que tive a brilhante idéia de usar uma delas para ligar o telefone sem fio (explico: estragou o botãozinho do talk. Rasgou, soltou e sumiu. Descobri que a traseira da lapiseira fazia contato. Resolvido.) nunca mais vi as minhas lapiseiras. Passeavam pelo bidê, pia de cozinha, tanque, dentro de tênis, embolada com toalha de banho molhada. Comecei até a cismar com o feijão: será que a lapiseira vem pro meu prato?
É, não teve bronca. Teve riso. Tanto riso que, daí prá frente a bagunça perdeu a graça.
Vai explicar...
domingo, 19 de julho de 2009
Folha 2: A Era do Plantador de Verdades
Era de solo virgem, fértil.
De homem na terra.
De plantio.
De vento, sol e chuva.
De rega, de arado.
De proteção, atenção, cuidado.
De colheita.
De casa enfeitada.
De buquê fresco
na mão da moça pelas mãos do moço,
na mão da noiva pelas mãos do gosto,
na mão da velha senhora
pelas mãos daqueles convivas,
inaugurando a festa.
...
Era de solo queimado, ainda fértil.
De homem na fábrica.
De voadas de pássaros.
De semeio.
De mais vento, mais sol e mais chuva.
De flor esparsa no campo.
De aranha tecendo
sobre os já tecidos.
Fios.
Tranças.
Finas redes treliçadas.
Era do ponto inicial.
Era de cada um dos pontos do meio.
Era do ponto final.
Deste tramo.
Aranha tecendo
sobre os já tecidos.
Quem passou não viu.
Quem parou não viu.
Quem não voltou não viu.
...
Era de abandono
até do olhar
que pela estrada reta cega
desmancha o redor.
Era de abandono
até do olhar
ao chão pés cansados,
à frente esperança,
atrás desconsolo.
Ao lado a terra, ainda fértil.
Lá estão cantando os pássaros,
pousados sobre as Sempre-Vivas.
Era de morte.
Era de vida.
De ervas.
Daninhas?
De aranha tecendo
sobre os já tecidos.
Nas casas, flores de plástico.
...
Onde estão os moços?
E as moças?
Onde está o gosto da noiva?
Ufa! Vejo os convivas.
E a velha senhora.
Ah!...
Sinto cheiro de mato!
E vejo a casa enfeitada.
De buquê fresco.
Quem colheu as Sempre-Vivas?
Foi o Plantador de Verdades.
Fios.
Tranças.
Finas redes treliçadas.
Esta velha senhora é fiandeira.
Casa limpa.
Sem aranhas.
O varredor veio prá festa.
Varreu e presenteou com as flores colhidas.
Chegou sorrindo,
montado em seu cavalo.
Olhei em seus olhos e então soube
como as nascentes brotam,
inaugurando a festa.
Folha 5: Tìtulos - C
A galinha botou um ovo
Na cesta branca ele foi parar antes de entrar
Ovo quebrado na porta
No chão casca de ovo
No ar passarinho voando
Que galo é esse?
Folha 31: Flores
Estas flores são em agradecimento ao amar.
Quando fui concebida;
Durante a gestação;
Ao nascer;
Ao ser educada e conduzida;
Ao ouvir os direcionamentos de princípios e ética que regem nosso lar;
A cada um dos tijolos-flores que vocês colocaram a minha disposição para que eu colhesse, conforme minha escolha e meu querer, para construir a base de minha casa que hoje se ergue com paredes-corpo, mente-janelas e alma-portas.
Podia ter escolhido quaisquer tijolos e escolhi estes.
Sim, estavam mais perto e...
Eu confiei neles.
Sou grata por ter tido cada uma dessas coisas a cada momento em que respirei o amor que vocês se dão.
Este ar puro se propaga até hoje e enche meus pulmões de saúde.
Sou grata também a Deus, por poder fazer este agradecimento neste tempo presente de vida.
Um presente de vida, na forma colorida e perfumada destas flores.
O inverno chegou enquanto eu saì para passear